quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Brasil «estranha» revisão de Acordo Ortográfico



Brasil «estranha» revisão de Acordo Ortográfico

Linguista brasileiro que negociou acordo comenta posição de Francisco José Viegas

Por: tvi24 / CLC  |  29- 2- 2012  21: 44
O linguista brasileiro Godofredo de Oliveira Neto, que participou na Comissão responsável pelas negociações do Novo Acordo Ortográfico, considerou hoje «estranho» que o secretário de Estado da Cultura do governo português pense em rever as normas.

«É estranho. O período de adaptação vai até dezembro deste ano e Portugal já passou por todos os trâmites jurídicos e políticos. Uma coisa é a concordância, porque há discordâncias também no Brasil, mas outra coisa seria querer rever as regras», afirmou o investigador à Agência Lusa, por telefone.

À agência Lusa, a secretaria de Estado sustentou hoje que «é possível efetuar ajustamentos em alguns casos, relacionados com as palavras de dupla grafia e as sequências consonânticas», até 2015, quando termina o período de transição do Acordo Ortográfico.

Na terça-feira à noite, o secretário de Estado de Cultura, Francisco José Viegas, mencionara, em entrevista à TVI24, a «possibilidade» de algumas normas do Acordo Ortográfico serem modificadas até 2015.

«Temos essa possibilidade e eu acho que vamos usá-la. Temos de aperfeiçoar aquilo que há para aperfeiçoar», disse o secretário de Estado da Cultura no programa «Política Mesmo», admitindo que não gostava de algumas regras.

Em conversa com a Lusa, o linguista brasileiro Oliveira Neto recordou que cada país é soberano nas suas decisões e que uma mudança não seria impossível, lembrando no entanto que, para as alterar, na prática, seria necessário um longo trâmite.

«Cada país é obviamente soberano e pode romper com tudo. Mas também [o comentário] pode ter sido mais para acalmar um pouco os ânimos, porque isso [o Acordo] teria de voltar para a Assembleia», ressaltou, acrescentando que a Comissão não recebeu nenhuma notificação oficial, da parte de Portugal, a manifestar qualquer desagrado com o Acordo.

O linguista considerou ainda que, no Brasil, as regras já foram «completamente» incorporadas e que não há volta atrás.

Godofredo Oliveira Neto faz parte Comissão de Língua Portuguesa do Ministério da Educação do Brasil e do Conselho Científico do Instituto Internacional de Língua Portuguesa da CPLP - entidades responsáveis pela aplicação do Novo Acordo Ortográfico nos países lusófonos.


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