domingo, 18 de dezembro de 2011

Nova Poesía Galega:


Nova Poesía Galega: Nova Espiritualidade Lírica.




Por : Artur Alonso

“As novas concepções da física tem gerado uma profunda mudança em nossas visões de mundo; da visão de mundo mecanicista de Descartes e Newton para uma visão holística, ecológica. A exploração dos mundos atômicos e subatômicos colocou-nos em contato com uma realidade estranha e inesperada. Em seus esforços para apreender essa nova realidade, os cientistas ficaram dolorosamente conscientes de que suas concepções básicas, sua linguagem e todo o seu modo de pensar eram inadequados para descrever os fenômenos atômicos. Seus problemas não eram meramente intelectuais, mas alcançavam as proporções de uma intensa crise emocional e, poder-se-ia dizer, até mesmo existencial. Eles precisaram de um longo tempo para superar essa crise, mas, no fim, foram recompensados por profundas introvisões sobre a natureza da matéria e de sua relação com a mente humana”
(De “Ecologia profunda: Um novo paradigma de Fritjof Capra)

Superada a visão antropocêntrica, estamos entrado nesta mudança de Era que com leva o milênio, também na ultrapassagem da visão materialista, ate uma nova visão holística em que ciência e espiritualidade estão da dar-se a mão, sobretudo a raiz das novas achegas e descobertas realizadas pela física quântica e a exploração da realidade sub-atômica. Isto significa que as novas mudanças no campo cientifico trazem como conseqüências, a longa, mudanças no paradigma social.

No campo literário na Galiza estas mudanças estão muito presentes nas novas vocês, do que eu chamaria de novo movimento espiritualista. O gênero que mais em destaque esta a oferecer esta nova visão é o campo poético vanguardista, liderado pela nova geração de poetas reintegracionistas, comprometidos com sua realidade social, sua língua, sua cultura autóctone, mas também com a realidade Européia, mundial e ecológica global, de interação do um sobre o todo e o todo sobre o um.

Nomes em Destaque como Concha Rousia, Iolanda Aldrei, José Manuel Barbosa, Irene Veiga, Belém de Andrade, Belém Grandal, entre outros estão modificando o campo da visão literária e acrescentando uma óptica e fresca sensação de renovação a toda a literatura galega. São sem duvida a vanguarda da nova literatura galega.

Concha Rousia da voz ao elemento terra, que fala a através dos seus poemas reclamando seu direito a seguir sendo uma voz identificada, com sua milenar cultura. Assim em poemas como “A minha primeira nau” o elemento inicial água surge como primeira essência humana, e interage holisticamente em sua relação com o resto de elementos que, juntos formam, um único elemento universal. Assim o expressa em estes versos do poema:

“a minha velha nau nasceu comigo a vida
saiu do próprio mar do ventre materno...
...hoje a minha nau encalhou e não posso abandoná-la
assim a sua sorte, a que salitre e água a consumam
eu sou fiel a tudo o que é meu, ate ao que não é meu sou fiel...

... hoje é hora de parar todas as viagens
as feitas
as por fazer
hora de esquecer que as viagens existem

...Sei que adiante de mim aguarda meu destino
mas hoje quero é ficar na eternidade do momento”

Nesta última frase eternidade do momento, Concha Rousia, faz-se consciente de que o presente, também esta composto de passado e futuro, dado o presente vir condicionado pelo passado e condicionar o futuro... E que ao igual que uma célula contem toda a informação do corpo, o que facilita as técnicas de clonagem, também o momento presente contem a eternidade universal, dentro de si...

José Manuel Barbosa, também deixa transcrever essa nova visão holística, em poemas tão emotivos como “Ama-me”, versos simples e claros, que não podem ser interpretados a luz de outros velhos paradigmas

“Filha do céu
molhada polo sol.
Mirar fundo
de fundo mar
e doce brisa...

...ama-me fortemente,
como ama o céu uma estrelinha
perdida e solitária
numa noite sem pecado"

a noite sem pecado, abrange o espaço infinito, de onde tudo surge e aonde tudo volta, quando cessa sua existência... e o território imaculado, o campo unificado, o universal.

Irene Veiga lembra no conto “O mundo é para as meninas”, como a rede universal e as ligações que ela implica, marcam definitivamente os seres, como quando duas partículas ficam de algum modo ligadas não perdem essa ligação, a pesares da sua distancia no espaço e tempo. As mulheres do conto se reencontram, e o relato explica assim seus laços: ... “Beijaram-se demoradamente, sem prudência e sem reparos. Já eram mulheres para isso. Beijaram-se mais, soltaram-se e volveram a enredar-se, mimavam-se com descaro. Sabiam-se testemunhas do tempo e não ser uma linha reta...”

Testemunhas do tempo, que não interagem, na visão antiga e lineal... Senão numa nova visão ampla, de espaço e tempo... aberta todas as possibilidades.

Estes três exemplos de hoje, são uma amostra dessa nova literatura galega, que foge do velho paradigma convencional onde, como afirma Amit Goswani, no prefacio, do
seu brilhante livro “Física da Alma”, o conceito matéria é o tijolo de todas as cousas... E se encaminham a um novo paradigma mais abrangente, onde vida, mente é consciência já não são meros fenômenos secundários da matéria... senão partes de um único todo interagindo dentro desse todo...

Reconhecemos, pois nestas novas vozes uma nova forma de estar no mundo e de achegar a literatura galega os novos conceitos dum novo paradigma social, que está a nascer desde novos paradigmas e visões cientificas, que vão mudar, ao longo deste milênio nossa consciência e percepção da realidade.

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