terça-feira, 15 de novembro de 2011

se até a Galiza


Se até a Galiza…

Por  | 26 Abr 2011 |  Enviar por email
MACAU ESTÁ EM PROCESSO LENTO DE ADOPÇÃO DO ACORDO ORTOGRÁFICO
Até Dezembro de 2012 o processo de transição para adopção do Novo Acordo Ortográfico tem de ficar finalizado. O Hoje Macau ouviu o presidente da Comissão para o Ensino e Investigação da Língua Portuguesa do IPM, Li Changsen, que apela as autoridades do território para que revejam a lei. As instituições que ensinam o português podem ser a alavanca
ONovo Acordo Ortográfico é para ser implementado. Essa é a grande conclusão da conferência “Implementação do Novo Acordo Ortográfico em Macau: Implicações Oficiais e Pedagógico-didáticas” que teve lugar na semana passada no Instituto Politécnico de Macau (IPM) e promovido pela Comissão para o Ensino e Investigação da Língua Portuguesa. Na ocasião, o professor João Malaca Casteleiro fez uma retrospectiva da longa história de negociações sobre a elaboração de ortografia da língua portuguesa entre os países lusófonos e apresentou as características do novo acordo da ortografia.
Li Changsen, presidente da Comissão, afina pelo mesmo diapasão de Malaca Casteleiro. Para o professor especialista em português no território, Macau “tem de seguir esta nova norma e implementá-la até 31 de Dezembro de 2012”, altura em que se finaliza o período de transição para as novas regras ortográficas. “Trata-se de uma grande novidade de relevante significado em Macau. O primeiro passo tem de ser dado pelas instituições de ensino da língua portuguesa como o Instituto Politécnico de Macau, a Universidade de Macau e a Escola Portuguesa, que é onde se ensina o português”, afirmou Li Changsen ao Hoje Macau.
O Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa é um tratado internacional assinado em 16 de Dezembro de 1990, em Lisboa, com os diversos países representantes da língua de Camões e que contou até com uma delegação da Galiza, onde se pretende aplicar o documento com a mesma eficácia que em países como Portugal, Brasil ou Angola. Mas falta Macau. O problema, segundo o académico do IPM, é a lentidão com que no território o acordo pode ser aplicado, mas deixa a promessa. “O IPM tudo fará para promover cursos para os seus docentes no sentido destes aprenderem as regras no novo acordo. Só assim é que depois se pode ensinar os alunos”.
Li Changsen não esquece que a China também tem uma palavra a dizer, porque Macau, “apesar de ser uma região autónoma, agora pertence à China, e pelo que vejo da política vinda no continente o português é uma aposta de futuro”. “Há uns anos havia três cursos de português nas milhares de universidades da China e agora há mais de 30 cursos da língua de Camões. Penso que é suficientemente elucidativo da importância do português para a China”, justificou o professor.
“É premente que Macau adopte as novas regras até ao fim do prazo de transição. É muito útil para todos e para a China que isso aconteça pois todos os países lusófonos já o estão a usar”, explicou o professor do IPM.
UMA QUESTÃO DO OCIDENTE
E o Novo Acordo Ortográfico é benéfico? Li Changsen acha que sim e dá como exemplo a China. “Isso da ortografia é uma questão que só se resume às línguas ocidentais. No Oriente é diferente mas mesmo assim a China, com uma língua tão ancestral como se sabe já mudou os seus caracteres de tradicionais para simplificados.”
Seja como for o Novo Acordo é para seguir em frente e Macau não deve perder o autocarro. “Se a Galiza também o vai seguir Macau não tem qualquer tipo de desculpa”, finalizou o académico. Sendo o português uma das línguas oficiais da RAEM, o Governo de Macau “deverá tomar uma posição explícita sobre o assunto ainda que já não haja um vínculo a Portugal mas os outros países também não têm qualquer tipo de vínculo a não ser na língua falada”.
Apesar de tudo, o académico aceita que Macau não possa ser um dos signatários do acordo mas, por outro lado, defende que seja respeitado no território todas as estipulações do documento, “pois além de facilitar os contactos com os países da língua portuguesa” – que o Governo Central tanto almeja -, “a aplicação do novo acordo em Macau demonstrará o estrito cumprimento da Lei Básica e a maior atenção à comunidade portuguesa”.
O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa é um tratado internacional firmado em 1990 que tem por objectivo criar uma ortografia unificada para o português, a ser usada por todos os países de língua oficial portuguesa. Foi assinado por representantes oficiais de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe em Lisboa, em 16 de Dezembro de 1990. Depois de obter a sua independência, Timor-Leste aderiu ao Acordo em 2004. O processo negocial que resultou no Acordo contou com a presença de uma delegação de observadores da Galiza. Faltou sempre Macau…

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