segunda-feira, 7 de novembro de 2011

O desafio angolano

de diálogos lusófonos:


Editorial

O desafio angolano

Hoje
A economia angolana vai crescer 7,8% este ano. E em 2012 esse valor deverá atingir os 10,5%, a quinta maior taxa de expansão a nível mundial. Não admira, assim, que cada vez mais empresas portuguesas vejam Angola como um novo eldorado africano, sendo já sete mil as que têm negócios permanentes com a antiga colónia. E nesta época de crise económica e de elevado desemprego, também a nível da emigração o atractivo do país lusófono é muito forte, com cerca de 120 mil portugueses a residirem lá.
Com abundantes recursos petrolíferos e livre desde 2002 do ciclo de guerras que se arrastava havia quatro décadas, Angola é um país de futuro. E é natural que por proximidade cultural e afinidade linguística os portugueses se sintam tentados a associar-se ao sucesso dessa nação. Muitos dos que apostam num futuro profissional em terras africanas até lá nasceram, antes da independência em 1975. E há também quem se mantivesse sempre ligado ao país, como José António Monteiro Gomes, o empresário que há meio século vivia em Angola e ontem foi morto a tiro em Luanda quando se preparava para entrar no edifício onde fica o escritório da sua empresa de importação.
O problema da insegurança deve ser hoje uma das prioridades das autoridades angolanas. A prosperidade do pós-guerra civil tarda em chegar à maioria da população e no índice de desenvolvimento humano da ONU o país continua a fazer fraca figura. Com a pobreza extrema a persistir e as desigualdades sociais a acentuar-se, a contestação social e a criminalidade tendem a surgir. E se os casos de violência contra estrangeiros acabam por ser raros, a verdade é que causam sempre alarme social e afectam a imagem positiva que o país tenta dar de si.
O primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, visita Angola dia 17. Será uma deslocação importante para reforçar os laços entre os dois países. A mensagem de que Portugal está interessado em ajudar Angola a encontrar a prosperidade, e assim beneficiar também dela, estará por certo bem presente. Mas o lado angolano deverá exprimir vontade de construir uma sociedade mais justa, fiel aos ideais que levaram à independência, a vacina mais natural para males como a criminalidade
 

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